QUANDO A LIMPEZA É INFAME: LIMPEZA ÉTNICA

No nosso artigo da semana passada, fizemos uma relação entre a mania de limpeza do presidente americano Donald Trump e sua vontade de “eliminar” qualquer pessoa que possa “sujar” os Estados Unidos, começando pela proibição da entrada de cidadãos de alguns países de maioria muçulmana em território ianque. Esse atual cenário americano nos faz pensar em um dos maiores crimes que a humanidade pode cometer contra si mesma: a limpeza étnica, tão recorrente e presente por todo o mundo, apesar de todos os avanços diplomáticos e dos direitos humanos.
A limpeza étnica consiste em remover ou eliminar certos grupos étnicos que normalmente estão fora das esferas do poder político ou das armas, ou seja, não acontece apenas com as minorias, mas sim com aqueles que conseguem resistir menos a um conflito direto com outra etnia. E o que define uma etnia? Aspectos culturais e de descendência, podendo citar como exemplos judeus, ciganos, muçulmanos sunitas e xiitas, sérvios e eslavos. Isso quer dizer que essas pessoas não se definem pelos países em que nascem, mas sim pelo “seu sangue”.
Definitivamente, a maior limpeza étnica registrada foi o Holocausto, quando Adolf Hitler eliminou milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45) apenas porque eles eram isso mesmo, judeus. Os defensores da limpeza étnica creem que uma etnia diferente da sua, simplesmente, não deve existir, para o bem de seu mundo.
O Brasil é um país reconhecidamente aberto às mais diferentes culturas e nacionalidades. Em nosso território, muitas etnias convivem sem problemas que gerem conflitos, e seus filhos se tornam brasileiros, uma nacionalidade que supera a definição étnica. Muito dessa convivência pacífica entre etnias vem do fato de termos sido um país “novo” que recrutava mão de obra externa, onde pessoas de diversas partes do mundo enxergavam oportunidades de uma vida melhor. Os conflitos étnicos acabavam ficando para atrás, em sua “antiga vida”.
Nosso país é tão conhecido por ser uma terra que recebe bem o estrangeiro que acaba por cometer mesmo gafes históricas. O médico alemão Josef Megele foi o “Anjo da Morte” nazista. Grande defensor da pureza racial, era a favor de castrar ou mesmo matar toda e qualquer pessoa que possuísse alguma deficiência, vícios como o alcoolismo, sociopatias ou doenças como esquizofrenia, com o intuito de eliminar a possibilidade que esses “problemas” fossem transmitidos hereditariamente através dos filhos, mesmo que fossem alemães. Ao trabalhar nos campos de concentração, fazia experimentos genéticos com os prisioneiros e, muitas vezes, decidia quais deveriam morrer ou não. Ao final da Segunda Guerra, fugiu e chegou ao Brasil em 1960 depois de uma temporada na Argentina. Viveu tranquilamente até morrer em 1979, aparentemente de causas naturais.
Na próxima semana, vamos conhecer detalhes de alguns conflitos de limpeza étnica que marcaram a história do mundo e alguns que ainda estão em andamento.
FONTES:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Limpeza_étnica
http://pre.univesp.br/nacionalismo-e-guerras-etnicas#.WJn6WnfOpE4
LIVRO “O Gene”; Mukherjee, Siddhartha. Companhia das Letras