SOMOS CONTRA PAPEL HIGIÊNICO E SABONETE!

Quando esses acabam como instrumentos para insultar pessoas por causa da cor da sua pele. Recentemente, uma onda de racismo tem assolado a mídia de nosso país através de campanhas publicitárias que se utilizam desses produtos de higiene como subterfúgios para transmitir uma mensagem racista e até mesmo de comentários explícitos de um jornalista renomado. Sim, somos contra o uso do papel higiênico e do sabonete pela sociedade se eles se tornam armas contra as minorias que, historicamente, lutam para acabar com o preconceito.
Campanhas publicitárias são especialmente perigosas quando transmitem ideias condenáveis como o racismo porque atingem uma quantidade maciça da população através da veiculação em propagandas na televisão nas horas de maior audiência, nas revistas com grande circulação e ao utilizar pessoas famosas com milhares de fãs nas redes sociais. O sabonete Dove foi duramente criticado por lançar uma campanha em que uma mulher negra se transformava em uma mulher branca, transmitindo a ideia de que o sabonete “limpava” a mulher negra até ela se tornar branca. A linha de defesa da empresa, que se baseava na suposta intenção de mostrar que o sabonete poderia ser utilizado por todas as mulheres, não foi suficiente e a campanha foi tirada das mídias. Ponto para o bom senso!
Outra campanha fortemente criticada por ser racista foi a do papel higiênico preto da Personal – intitulado Personal Vip Black. A empresa se utilizou da frase “Black is beautiful” (“Preto é lindo”, em tradução literal do inglês), criada pelo movimento negro anti segregacionista nos Estados Unidos durante os anos 1960, para ilustrar a beleza de um papel higiênico, ou seja, reduziu toda uma história de luta da população afrodescendente americana pelo direito de igualdade e de frequentar as mesmas escolas e estabelecimentos comerciais que os brancos a um produto destinado a limpar fezes humanas. E como se isso não bastasse, contratou uma atriz branca para se enrolar nua no papel preto. Lamentável.
O racismo é tão prejudicial que pode, efetivamente, impactar a saúde da parcela da população que o sofre. Estudos de pesquisadores renomados mostram que sofrer preconceito racial na infância contribui para o aparecimento de depressão, distúrbios de ansiedade e déficit de atenção, prejudicando o desenvolvimento cognitivo e sócio-econômico, isso independentemente da renda e aspectos culturais. Ou seja, o racismo é prejudicial por si só, mesmo quando a pessoa possui uma condição mais abastada de vida.
Outro caso que abalou a mídia brasileira foi o do jornalista William Waack, consagrado profissional da maior rede de televisão do país, formador de opinião e correspondente de importantes eventos da história mundial, grande racista que mostrou em tom jocoso todo o seu preconceito ao ser flagrado fazendo um comentário sobre o barulho de buzinas que um motorista fazia antes da sua transmissão. Suas palavras logo se tornaram a hashtag #ÉCoisaDePreto, com internautas mostrando nas redes, através de belas realizações de pessoas negras, que seu comentário, além de mostrar seu racismo, não fazia sentido algum ao tentar relacionar algo ruim a uma determinada raça.
Quando vemos tantos casos aparecendo, fica a pergunta: de onde vem o racismo? Por que um país tão misturado e fruto de diversas etnias se mostra tão racista? E não só o Brasil, o que falar dos Estados Unidos, líder mundial da liberdade, democracia e tolerância e que até um ano atrás tinha seu primeiro presidente negro da história no cargo? Pois lá também houveram casos recentes de conflitos mortais entre a população afrodescendente e supremacistas brancos – com o apoio do atual presidente a esses últimos. E, pior, como esse preconceito afeta a saúde da população.
Se faz necessário uma análise mais profunda da história para tentar encontrar as raízes dessa atitude condenável e entender a necessidade de campanhas maciças contra o racismo em pleno século XXI, quando imaginávamos que questões como essa já pertenceriam ao passado obscuro da humanidade. Em nosso próximo artigo faremos uma breve viagem no tempo para traçar um paralelo com a realidade atual quando ainda vemos, infelizmente, comportamentos racistas. Não percam!
FONTES:
https://saude.abril.com.br/familia/racismo-prejudica-pra-valer-a-saude-de-criancas/
https://oglobo.globo.com/ela/gente/apos-polemica-marina-ruy-barbosa-sugere-papel-higienico-preto-como-look-de-halloween-22013773
https://oglobo.globo.com/sociedade/dove-pede-desculpas-apos-acusacoes-de-racismo-em-anuncio-de-sabonete-21924389
http://atarde.uol.com.br/brasil/noticias/1911041-internautas-se-mobilizam-contra-racismo-apos-polemica-com-william-waack